terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

patéticos eméticos

Muito calor. E buracos. E um desprazer, um desprazer tão profundo. Quase uma arte.

Ao volante, o sujeito mais sabido do universo. Bufando. Ele bufava pra caralho. Talvez bufar o fizesse dirigir melhor. Fosse assim, deveria triplicar as bufadas.

Aquilo era uma família. Não sei se rio, não sei se vomito.

Muito bem, falemos de coisas deprimentes.

Imagine que se armazenasse o passado em pequenos recipientes, algo como esferas transparentes. Cada vez que quiséssemos evocar uma lembrança, bastaria alcançar a esfera correta e observá-la. As esferas seriam todas de tamanho que coubesse fácil na mão. Ao segurá-las, recapitularíamos os momentos desejados.

Não é assim. A porra da esfera tem diversos tamanhos. Às vezes é enorme, feia, fedida, espinhenta. E quase sempre nos vem de encontrão, sem escolha alguma.

E lá ia a família. O pai a bufar, a mãe a cacarejar e as crianças a fazer a única coisa que uma criança é capaz de fazer, especialmente quando tem seu destino entregue a uma dupla como aquela, as crianças, ora, enchiam o saco de tudo e de todos ao seu alcance.

Depois de muitas horas, quilômetros, calor, gritaria, gasolina, barbeiragem, comida ruim, buracos, tapas e outros entretenimentos, chegava-se a Cudomundópolis, capital de Cudomundolândia. Calor, umidade, mosquitos, analfabetismo, música vagabunda, trinta em cada quarto, banho frio compulsório, tudo em troca de um deleite à beira-mar.

E o grande homem lá, todo cheio, inchado mesmo, um baiacu. Patético. Emético.

Que plenitude.